terça-feira, 12 de abril de 2011

Um homem arabe para chamar de seu - Deserto do Marrocos- Um amante berbere 3°parte

Fez - Marrocos, foto tirada do site ( http://www.panoramio.com/photo/2576087 )

Esse lugar tem um cheiro terrível ! arrrrf, e eu com meu olfato 4 vezes mais forte do que alguem com olfato normal, imagina o meu sofrimento....






Eu tinha ido visitar as pessoas que eu costumava ajudar, e nao é porque eu vivia fora do país que as esquecia.
Estava sempre tentando ajudar, e o meu tempo no Brasil eu dedicava a ve-las pessoalmente e nao só ajudá-las financeiramente.
Aquele dia eu estava bastante cansada, pois a visita que fiz me desgastou, a crianca estava doente e e tivemos que correr pro hospital.
Eles diziam que tiveram muita sorte que eu estava no Brasil e os tinha ido visitar.
Sim, se o mal aconteceu, ele aconteceu exatamente quando eu pude interferir com ajuda imediata.
Bom, tantos ainda que eu gostaria de ajudar, mas após meu divórcio eu estava financeiramente quebrada, nao tinha nem mesmo para mim.
Contei para os muitos que eu ajudava, alguns nao entenderam, nao aceitaram, mas outros sim entenderam que eu estava passando uma fase na vida, e que tambem, como eles, precisava de muita ajuda para me levantar (coisa essa que nao tive, a menos que me deixasse ser usada, mas ajuda sem interesse nunca encontrei)

Mesmo assim, por eles, sempre dava um jeito de vender alguma coisa para poder ajudar os que eu percebi que precisavam de mim, realmente precisavam, mesmo quando eu tambem nada tinha e tambem precisava.

Saindo da casa humilde, me dirigi para a estrada atras de um táxi, precisava chegar em casa a tempo do Addi me ligar, ele iria ligar no telefone fixo com certeza, já que deixei o celular em casa e, nao atendendo suas chamadas ele passaria a chamar no telefone fixo.

O táxi nao aparecia e eu estava na avenida, cansada, e apressada.
O jeito era tomar um onibus...eu nao gosto nem um pouco de utilizar os onibus no Brasil, acabam com meu estomago, me faz um caco, cansada.
Aliás a maioria dos servicos públicos do Brasil me chutavam o amor meu, que eu tinha pela terra brasileira pros esgotos, ao ver que nós, brasileiros, éramos tratados dessa forma.

Me sinto mal tratada, me sinto como entulho sendo transportado e nao humana dentro dos onibus do Brasil.
Mas, nao tinha jeito, tinha que tomar o onibus.
Dei o sinal, o motorista sorriu para mim enquanto parava o onibus diminuindo a velocidade - eu retribui - nao sei fechar a cara para ninguem sem antes ter certeza que a pessoa teve ma intencao.

Na verdade senti que ele sorriu nao para flertar, mas porque talvez me conhecia da cidade.
Muitas pessoas me acenavam e eu nem lembrava mais.
Pois havia antes conhecido tantos, e depois me fui, o tempo passou e as memórias se apagaram, mas talvez para elas a minha imagem ainda estava viva.

- Bom tarde, tudo bem? eu o cumprimentei gentilmente.
-Sim... disse ele
-Voce tem trocado suficiente? e que so tenho uma nota de 50.
- Nao tem problema, eu troco para voce.
Agradeci com um sorriso, e dei tchau, logo em seguida, após olhar rapidamente para todos que estavam ali naquela viagem comigo, escolhi um lugar e me sentei no assento da janela.

O onibus chacoalhava, batia, rangia, pensei que ia sair algumas pecas, mas era so o barulho dos maus tratos e do longo tempo de uso...parecia que chegaria inteiro apesar de tudo.

Olhava la fora, minha vista corria, corria com o tempo que parecia voar pelo vidro da janela.
O tempo que eu via, atraves da janela parecia paralelo com minhas lembrancas que pipocaram na minha cabeca naquele exato momento.
Como mágicas, elas passavam na mesma velocidade que a paisagem fora da janela.

Olhei firmemente para a janela, o que estava havendo - de repente a janela era uma tela imensa, com liberdade pro ar se alongar e puxar memórias cavadas lá dentro, bem no fundo do meu coracao, lá dentro da minha cabeca, bem no fundo das minhas lembrancas.

Por que eu tinha que comecar a pensar quando deveria apenas deixar o tempo da viagem passar? Por que nao ser simples,e simplesmente e apenas passar pela experiencia sem pensar, sem lembrar?

E pior era estar ciente de que tais memórias estavam mesmo decididas a aproveitar essa obrigacao minha de quase me fixar na janela, completamente, pois para onde mais eu iria olhar?
O que eu faria, olharia pros outros - tambem sentados em seus bancos, tambem a pensar - ou voltaria meus olhos pros que nao conseguiram um lugar e estavam ali em pe, cansados de seus dias, suas tarefas, voltando ou indo para algum lugar ou alguma coisa, equilibrando-se para nao cairem, deveria eu fitá-los ?

E isso me faria parar de pensar? ou apenas os fitaria e as lembrancas ficariam ali passando na minha frente usando seus rostos como tela?
Passando,mesmo enquanto eu os olhava parecendo que meus olhos se prenderam em suas pessoas ou no que faziam, quando tudo que eu fazia era só pensar em tantas outras coisas.

E minhas memórias carrascas sabiam disso, e desfilavam plenamente no palco da minha mente, com imagens nítidas, sonoras, perfumadas, completamente ampliadas, pude ve-las claramente com enormes olhos, meus olhos que ficaram imensos, ainda que por fora eles continuassem os mesmo mesticos olhos puxados da Fri as imagens que eu via estava no Zoom total.

Sou uma pensadora, sim, e nao penso só na minha vida, meu cérebro sempre foi faminto, eu sempre quis muitas informacoes, e sempre tinha que te-las.

Alguem deu sinal para parar e isso me trouxe de volta.
De repente as imagens sumiram, se esconderam, em alguma parte de mim, da minha mente, ou no todo vácuo do espaco do mental humano, nesse caso somente no meu mental, na minha dimensao mental.

Era tambem a minha parada, entao desci.

Desci alegremente, voltar para casa me dava sempre alegria, nao sou uma pessoa que gosta muito de sair, ou viver o social, as festas, os encontros, as baladas, nao...nao sou muito sociável
Sair gosto se for para fazer o necessario, e estar fora, alem do limite do meu lar, sair so quando eu me deleito em sumir viajando mundo afora, assim eu gosto de sair.

Rapidamente cheguei ao último andar, onde eu me abrigava, naquele apartamento que tive um dia tanta alegria em comprar para usar nos fins de semana com meus filhos - o tempo e os acontecimentos nao deixaram as coisas acontecer como sonhei, mas o apartamento ainda estava ali, tentando nos lembrar que éramos uma família.

Meu filho mais velho nao estava.... entrei e no exato momento que passava da sala para cozinha, ouvi o celular no quarto, corri para atender antes que a ligacao caisse.




- Hello! (alo ?)

- Babe is me... Addi, where were you, I called you a lot.
(Baby sou eu..Addi, onde voce está, eu liguei para voce um monte de vezes).

- Sorry habib I came just now and I had no time to see the messages, are u ok?
(desculpe-me habib, eu cheguei exatamente agora a tempo de ver suas mensagens, voce está bem?).

- Yes, but...sad. (sim,mas...triste).

- Why... (por que?)

-Because I had discuss with my father about me going this weekend to desert, I would like to go out with that friend I told you.
(porque eu tive uma discussao com meu pai sobre eu ir esse final de semana por deserto, eu gostaria de sair com aquele amigo que contei a voce.)

- The german rich guy that likes you a lot?
(o amigo alemao rico que voce gosta muito?)

-Yes, he is halb german, papa is Moroccian.
(sim, ele é meio alemao, o pai e marroquino)

-Addi..Hun do not be so sad, give me some minutos to me dush, eat some fruits and i go to net cafe and we talk, isit ok for u?
(Addi...querido nao fique triste, me de uns minutos para tomar banho, comer algumas frutas e eu vou para internet e nos conversamos, tá bom assim para voce?)

- Yes, always ok when we can talk. (sim, sempre está ok quando nos podemos conversar)

- Addi, I learned these months that we talk to like u a lot, so I really wish u be ok.
(Addi, eu aprendi esses meses que nos falamos a gostar muito de voce, entao eu realmente desejo que voce fique bem, ok).

- ok mon tresór ! Je t'adore Fri (meu tesouro em frances, e eu te adoro Fri ) see u
( ja avisei que ele misturava frances, espanhol, ingles, portugues) Oh, meu tesouro, te adoro Fri, até daqui a pouco)

Desligamos e me concentrei em fazer as coisas mais rapidamente para dar atencao ao meu doce Addi.

Procurei caprichar na imagem, já que usaríamos web cam.
Fui andando calmamente e pensativa até a Internet-café, já estava quase alcancando-a quando avistei uma vizinha, uma senhora idosa que eu adorava dar atencao (os idosos sempre gostam de conversar e na maioria das vezes repetem os mesmo assuntos, mas eu sempre faco de conta que nao percebo que estao se repetindo, e ele se sentem bem)...mas dessa vez nao poderia dar atencao, sabia que ele já estava lá, pagando pela hora para estar comigo.

Me senti muito mal em fazer isso, mas entrei numa loja que tinha saida para a ruela de trás, e assim consegui me desviar daquela senhora bondosa, mas bastante tagarela, se parasse certamente seria 1 hora ou mais de papo.

Estava com uma blusinha fresca de trico que faziam os bicos dos meus seios saltarem abusadamente, mesmo que nao era tecido transparente eles se saltavam
Nao queria ser vulgar na rua, para disfarcar enquanto andava pelas ruas levei um leve pullover ingles, com bordado a mao, a lanzinha era bastanta fina, mohair bastante macio, e o bordado muito caprichado, o pullover aberto na frente, parecia um casaquinho, mas era um pullover tipo anos 50, dava um ar tao sofisticado ainda que ele era tao simples.

Cabelos molhados, com o lenco segurando a frente na testa, óculos na cabeca, meus brincos de ouro branco que me foi presenteado pela minha irma, essa que me abandonou em nome de tudo mais que a afastou de mim para sempre.
Meus olhos marcados como sempre com delineador nos cantos, aumentando mais ainda a expressao de olhos puxados que tenho pela minha mistura indígena, meus lábios marcados de leve pelo tom rosinha do batom.

Meus cabelos cheiravam a Henna.
Sempe usava Henna natural para dar cheiro de madeira aos fios, além de que a henna natural ajuda a cuidar.
Minha corrente de ouro da H-stern no pescoco, que por sorte consegui conservar comigo, pois depois do divórcio fui vendendo o que me restava de jóias para poder comer, ou comprar algo necessário.
Decidi que aquela correntinha e dois aneis permaneceriam comigo até o último dia que me fosse dessa ilusao de vida.
Nao que fossem os mais caros, ou os mais bonitos, e que tinham significados e lembrancas.

Acho a prata muito linda, mas sendo alérgica a bijuterias e a prata( fico com o pescoco preto, e depois todo vermelho, cocando, horrível o que sucede com minha pela ao usar biju, com a prata fica só preto e irritado), enfim somente posso usar ouro.

Por sorte tambem nao ligo para jóias, nao dou valor as coisas como as pessoas dao, posso até achar linda, conhecer os valores que nós damos a elas, mas se pensarmos bem esses valores só existem nas nossas cabecas....

Cheirava bem, como sempre após meus banhos, me babava toda de creme, me atolava em produtos naturais para deixar minha pela macia, e mais vicosa, e usava sempre meus perfumes franceses, coisa essa que sempre fiz mesmo qdo nao tinha nada mesmo, pois quando conseguia um dinheiro comprava um grande e ficava, ou se nao podia nada usava

Nao se esquecam, nao é esnobismo, e meu olfato exagerado, imenso que nao me permite sentir um cheiro ruim, e se eu nao quero passar mal tenho que me presentear com boas essencias, perfumes etc.

Me sentia muito bem...queria que a internet permitisse a ele me sentir, me cheirar, mas nao tava ainda nessa época avancada, me conformei que já tinhamos internet.

Depois da identificacao na lanhause, depois de estar já instalada na minha maquina favorita, abri o messenger

Vi seu nick online, e cliquei
enviei a mensagem

- Hi Addi, are u there (Oi Addi, voce está ai?)

2 minuts i got first message of him

- Hi Fri, so nice that you came, I´ve good news. ( Fri, que bom que voce veio, tenho boas notícias)
-What is ( o que é?)

-I can buy your ticket to Morroc now.( posso comprar seu ticket pro Marrocos agora).

-OH, please Addi dont sell your camel, pls, i never wanna one day you say because me u spent your money, your chance to start a business...
(Oh, por favor nao venda seu camelo, por favor, eu nao quero nunca q um dia voce diga que por causa de mim voce gastou seu dinheiro, e perdeu sua chance de comecar um negócio).

-No, I will not sell the camel papa will give me is Jim who will organise your ticket and give me a bit money
(Nao, eu nao venderei meu camelo que meu pai me deu, é o Jim que organizara o seu ticket e deu me um pouco de dinheiro)

-Oh, how? (oh! como?)

-He has friend that has travel agency and also he has money from his mother family in germany, he said me he lends me and I pay when I can.
(ele tem um amigo que tem agencia de viagem e também ele tem dinheiro da familia alema da mae dele, ele me emprestou e eu pagarei quando eu puder)

_ That is great ! - isso é bom !
(eu estava deveras surpresa, nao esperava que ele superasse esse impecilho, talvez agora eu nao teria chance de achar desculpas para nao ir).

-You dont need visa to come, so organise ur passaport and tell me when i can send u ticket.
(voce nao precisa de visa para vir, organiza seu passaporte e me conta quando eu posso enviar seu ticket?)

-No, I dont wanna travel from Brazil direct to Morocco, I wanna travel til Germany and from there go to Morroc, see if it s possible.
(nao, eu nao quero viajar direto do Brasil pro Marrocos, eu quero viajar até a alemanha primeiro e de la ir pro marrocos, é possível?) - naquela época eu nao entendia muito de Marrocos....

-Ok babe, I will do it now, I come back in 4 hours, is possible to u come net again?
(ok babe, eu farei isso agora, eu estarei de volta em 4 horas, é possível voce vir na net de novo?)

-I will try...( eu tentarei)

Entao decidimos nos despedir para ele poder saber se poderia resolver isso, nem perdeu muito tempo na net, tava eufórico com a idéia de eu ir ao Morrocos quando nem eu mesma sabia o que estava fazendo.
Sai automaticamente da net, e pasmamente retornei pro meu ape, subi as escadas como zumbi e cai na minha cama, estatelada sem saber direito o que pensar.
Por que eu tinha medo de viajar pro Marrocos?
Eu estava com medo de me apaixonar, ou era o meu lado moralista que estava me atacando como sempre???

Por que esse controle, por que eu sempre era tao moralista comigo mesmo, eu estava livre, nao era mais casada, sozinha, podia fazer o que eu quisesse, entao por que me julgava e me condenava por estar procurando um amor, um homem especial em que eu pudesse descansar meu ultimo tesouro de amor em seu coracao???

Nao queria mais pensar, coloquei uma musica de relaxamento, e dei ordem ao meu corpo para desarmar todo o estresse, e adormeci....

Continua

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