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segunda-feira, 14 de maio de 2012
Um homem arabe para chamar de seu, Um amante berbere - Fri&Addi - Parte 70° "Porta do Paraiso" "
foto retirada desse blog (http://www.lifeinthefastlane.ca/10-most-incredible-ancient-oases-in-the-world/offbeat-news)
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Ainda no deserto
Oi pessoal aqui é a Cinthia, to passando a postagem que a Fri me deu, como sendo a postagem 70°, mas está ficando muito grande e vou faze-la como postagem 70 e a outra como 71 para nao ficar muito grande.
Obrigada
Cinthia
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Concentrada nos meus pensamentos nem percebi a presenca iluminada do meu Addi, bem ao meu lado, mas foi suficiente ele me segurar nos ombros para que eu abrisse meus olhos e fitando-o com ternura, alegrar-me com sua figura amorosa- e voltar a dar atencao ao meu redor.
Ele a me olhar docemente, isso sempre me fazia tao bem...mas percebi que queria me dizer algo além de me oferecer sua terna presenca.
Sorri para deixa-lo a vontade, esperando que ele percebesse que eu nao estava tao fora do momento, ainda que eu parecesse um pouco "fora do agora".
E foi ainda com sua ternura que ele me disse
-"Fri, venha o helicóptero tá chegando".
Helicóptero? como assim?
Me sobressaltei...
Será que eu perdi alguma parte do que aconteceu ou acontecia a minha volta enquanto me prendi nas lembrancas?
Daí entao percebi que eu nao estava mesmo ainda tao ajustada com o momento...
Que teria passado?
Com olhar perdido e cheio de indagacoes, me sentindo mais zonza do que antes quando quase tive uma ensolacao, tentava questionar com meu olhar - olhar que fisgava e buscava o dele com um imenso ponto de interrogacao.
Tentei formar frases indagativas que nao se completaram...
Um minuto assim e por seu beijo supresa fui pega, beijo que me dizia que eu tinha que me acalmar para nao me perder mais ainda na confusao dos meus pensamentos.
Minha cabeca era uma barafunda intensa e apressurada, eu tinha que me acalmar e trazer meus pensamentos em ordem.
Toda atrapalhada e sem saber bem por onde comecar a organizar as coisas dentro de mim, me questionava -" o que estava acontecendo? nao íriamos pro Oasis?"
Como assim helícoptero? por que? Oh! o que será que aconteceu que eu nao percebi?
Addi deixou de me dar atencao para conversar com os homens do nosso grupo.
Eles por sua vez, continuavam a fazer as coisas normalmente, nao pareciam desesperados para desmontar tentas ou preparar os animais...
Fique mais ainda perdida, a atitude deles era de quem nao iria a lugar nenhum, mas nos dois iríamos???
E de helicóptero, para onde????
Como pode ser que tudo mudou de repente, estavámos poucas horas atrás ainda sentados em camelos e agora de repente tinhamos que nos preparar para ir pro helicóptero, isso me deixou maluca, sou do tipo que tenho que saber para onde vou senao fico muito insegura.
Nao gosto de surpresas quando nao estou preparada para elas.
Porém, pensei que tinha ouvido antes Addi ter dado ordens para se prepararem para partirmos para algum lugar, qualquer um que nos levasse direto pro Oasis - será que eu tinha sonhado?
Será que era efeito da confusao mental em que eu me encontrei após o sonho?
Levantei e decidida fui atrás dele, tinha que saber mais, eu nao entendia nada que eles falavam em árabe ou nos dialetos berbere, entao ficar tentando ouvir o que falavam para tentar entender emendando sentidos, advinhando os sentidos, criando espacos para elas se encaixarem, pegando aqui e ali como se fossem quebra-cabecas nao me levaria a nada
Ficar cacando os sentidos das palavras para entender algo iria me tomar muito tempo, exigiria também muita paciencia da minha parte para advinhar e traduzir, além de ter que montar os sentidos de cada uma delas...
Nao, assim nao dava...eu tinha que saber alguma coisa mais rapidamente.
Nao gostava de incomoda-lo quando estava a dar ordens e comando pro pessoal, mas eu estava tao curiosa, aflita e confusa, tinha que fazer alguma coisa.
Andando em passos largos tentei alcanca-lo, ele ia a minha frente - tunica solta e leve no corpo, seu turbante com suas pontas a balancar pelo seu movimento agitado.
Quando eu o estava quase alcancando ele se virou, voltou para trás subitamente, sem parar de andar, quase me atropelou, por pouco nós dois nao trombamos e rolamos pelo chao.
Teria sido um desastre se tivesse sido atropelada por ele, pois sendo eu tao pequena com certeza sairia machucada, com lesoes para lembrar por durante muitos anos.
Com uma agilidade e flexibilidade que era tipica do Addi, ele conseguiu segurar a si próprio e a mim - voltou-se de repente porque queria falar comigo alguma coisa, mas sentindo que eu estava no caminho conseguiu segurar e manter o próprio corpo e ainda cuidar para que eu mesma nao caisse.
Ainda que ele nao cairia sobre mim, eu poderia ter caido, ele teve que agir muito rapidamente para nao deixar que eu fosse ao chao, nao sei como conseguiu nos segurar.
Muito preocupado, queria saber se algo me aconteceu, eu só estava assustada, mas nao machucada, mesmo assim ele me cuidou - como sempre fez.
Essa foi minha chance para comecar a perguntar o que tanto precisava saber.
_Addi, habib please, tell me now what is happening, I´m confuse, You said we're going now, and by helicopter, where are we going - to oasis?
(Addi, habib por favor, me conta agora o que está se passando, estou confusa, voce disse que nós estamos indo agora e de helicóptero, para onde? - pro oasis?
-Yes, we re going to Oasis, but not in Morocco, we re going to Egypt
(Sim, nós estamos indo pro Oasis, mas nao no Marrocos, nós estamos indo pro Egito)
Fiquei muito surpresa em ouvir aquilo, além de surpresa uma confusao se fez dentro de mim, pensamentos e sentimentos que eu nao queria de repente entraram em cena.
Foi como se demonios abusadamente gargalhando saltitassem na minha mente, abriam brechas no meu coracao para sentimentos que antes estavam aprisionados e quase controlados, pudessem de novo entrar no palco do meu coracao.
Egito significa Tarek- e isso era tudo que eu nao queria ouvir naquele momento.
-Addi, why Egypt? I dont wanna go to Egypt, please habib egypt no...
(Addi, por que Egito, eu nao quero ir pro Egito, por favor habib Egito nao...)
Ele abaixou o rosto mais próximo do meu, seus cabelos caiam lhe pela face emoldurando seu semblante berbere com uma beleza masculina tao charmante.
Sua fisionomia era tao impressionante - muitas vezes tive que me controlar para nao ficar presa e hipnotizada por seu encanto- quanto mais a gente olhava para ele mais queria olhar.
Seus olhos prenderam-se nos meus, penetravam fundo nos meus olhos, como se buscassem algo escondido, secreto.
-What is Fri, are you still thinking to Tarek? Egypt still means a lot to you , it is???
(o que é Fri, voce está ainda pensando no Tarek? Egito ainda significa muito para voce, nao é?)
Eu nao sabia o que responder, na hora fiquei com medo de dar uma resposta, nao podia mentir dizendo que nao significava nada.
Mas nao significava mais tanto quanto ele pensava.
E como eu nao estava em condicoes de saber a medida do quanto tudo significava para mim, por minutos fiquei tentando encontrar dentro de mim a resposta que respondesse primeiro a mim mesma e depois que eu pudesse responder a ele também...
E isso soou para ele como respondendo um Sim a sua questao anterior.
Com certeza se feriu em me ver assim tao em dúvida e a demorar para dar uma reposta.
Ve-lo ferido ou desapontado, era tudo que eu nao queria, eu tinha minhas dúvidas sobre meus sentimentos, mas uma coisa que eu tinha certeza naquela altura dos acontecimentos e que nao queria ver o Tarek.
Ir pro Egito, mesmo que nao fosse ao encontro de Tarek mexia comigo, nao sei porque.
Addi me olhava estarrecido, como se olhasse pela primeira vez uma reacao minha que denunciava seguramente o meu "amor" ou ainda o amor que ele pensava que eu sentia por Tarek.
Ele sempre tentava achar essa confirmacao dentro de mim, as vezes nos meus olhos, no meu sorriso, nos meus pensamentos.
De alguma forma ele tentava pegar-me confirmando o que queria- ainda que ele sabia antes de mim que eu o amava - parecia sempre que tentava encontrar uma confirmacao.
So depois percebi que nao era medo de saber algo diferente, ele queria apenas conhecer o quanto eu estava pronta para me libertar do Tarek, ou o quanto eu ja estava livre.
-We go first for one city in Algeria to rest and from there we go to Egypt...
(nós vamos primeiro para uma cidade na Algeria para descansar de lá vamos pro Egito...)
Após dizer isso ele me largou, me beijou segurando seu beijo por minutos nos meus lábios e se foi pro meio dos homens falando em dialeto.
Vi ele se indo, ouvi suas palavras berbere, vi ele falando naquele dialeto, vi seus movimentos agéis, vi ele em acao...tudo parecia como um sonho que eu nao conseguia acordar.
Enquanto me fixava naquela cena, minha cabeca batia como marteladas de palavras, sentimentos - e muitas lembrancas.
Um dos berberes trouxe-me mais água, eu ainda tinha um pouco, mas aceitei a garrafa de suas maos - agradeci e me virei, nao sabia para onde ir e nem o que fazer.
O que deveria eu fazer?
Ele me disse para me preparar para irmos....
Algeria - foi o que ele disse?
Entao iríamos primeiro para Algeria, por que nao direto pro Egito?
Ele estava voltando e eu ainda presa nas minhas próprias dúvidas - nao hesitei e fui questioná-lo
Ia comecar a perguntar, mas, parei quando ouvi o som do helicóptero, levantei meus olhos pro céu, desviando meus olhos do sol ardente, tentando proteger minha visao, fiquei olhando pro aparelho que pairava no ar sem acreditar no que eu via.
O helicóptero nao era o mesmo que Jimmy sempre pilotava, era um outro modelo, todo preto, um aparelho muito potente, até intimidava com sua oponencia.
Acho que eu somente tinha visto máquinas como ele em filmes, ou nem mesmo em filmes.
Era lindo demais, poderoso demais, uma máquina que prendia nosso interesse.
Eu sabia que existiam, mas nao andava por ai encontrando esse tipo de helicópteros, entao fiquei ali com aquele ar de quem esta vendo "coisas".
Jimmy nao estava sozinho, havia mais uma pessoa - um homem.
O helicóptero era grande e caberia umas 4 ou 5 pessoas, e ainda mais coisas, era um modelo muito moderno, avancado, talvez coubesse até mais pessoas e coisas.
Mas, a minha primeira impressao foi essa.
Jimmy saiu e veio para junto de nós, atrás dele veio o outro homem, que notei logo ser um guarda costa...
Jimmy com "bodyguard", estranhei muito!
Ele sempre disse que nao gostava de te-los na sua cola todo tempo, procurava sempre que estava entre amigos, ou em locais que ele considerava nao perigoso ficar sem a presenca dos segurancas, entao por que veio pro deserto com um deles?
Addi pegou minha mao e me puxou levemente me obrigando a ir para mais perto dele.
Comprimentei Jimmy e subi no aparelho, eles me ajudaram a ficar bem instalada e segura.
O seguranca me comprimentou com olhar e também tentou fazer as coisas ficarem seguras e confortáveis.
Eu nem me preocupei em dizer ao Addi que nao fiz nada para estar preparada para partir, teria eu que preparar minha mochila ou uma mala ou o que?
Certamente seria a minha que levei quando ele me deixou no deserto, mas eu nem sabia mais onde estava, portanto tava me sentindo despreparada pro passeio...
Ia dizer isso a ele quando vi um dos berberes trazendo minhas coisas, a eficiencia deles (de todos que trabalhavam com o Addi) só nao poderia ser maior do que a do Addi, pois foi o próprio Addi que pediu para que eles isso fizessem.
Que bom que ele percebeu que eu nao conseguiria organizar coisa alguma, eu mesma estava desorganizada dentro de mim, como organizar qualquer coisa outra fora?
O helicóptero ia subindo e eu fitava os homens embaixo que nao se cansavam de acenar e dizer algumas palavras berbere ou arabe para todos nós.
Mais uma vez eu iria sair do deserto levando muitas lembrancas, senti um aperto - uma pontinha de tristeza.
Cada vez que vivíamos alguma coisa, depois eu sentia essa tristeza.
Nao é bem tristeza, é uma sensacao - como se eu tivesse perdido alguma coisa, alguma parte muito importante.
Sabe aquela sensacao de quando voce quer assistir um filme, um daqueles que voce esperou ansiosa a estreia e depois adormece durante minutos - daí voce acorda e sente essa sensacao - uma tristeza, um desapontamento, uma sensacao de que perdeu algo que queria muito ter vivido?
Pois é assim que senti naquele momento enquanto o aparelho levantava.
Addi pegou na minha mao para sentir se eu estava segura, ele sabia que eu me sentiria melhor se ele fizesse isso e eu me senti , sempre me sentia melhor com seu toque, com sua atencao:
Aproveitei para fazer umas perguntinhas rapidas, num tom de voz bem baixo, evitando que outros ouvisse.
-Addi, how someone does to come with helicopters to desert? does we need some special license?And why Jimmy cames with this and not with the other one?
(Addi, como alguem faz para vir com helicopteros pro deserto, precisa de alguma licenca especial, e por que Jimmy veio com esse e nao com o outro helicóptero?)
Jimmy comecou a conversar alguma coisa importante com ele, isso atrapalhou nosso diálogo, ele por sua vez, delicadamente se desculpou comigo por nao podermos falar sobre isso, mas me disse rapidamente, quase num sussurro que resumia nossa conversa ali mesmo, na verdade mais que resumiu, findou por horas assim.
-Fri, dont worry about it, all is ok, enjoy our trip!
(Fri, nao se preocupe com isso, tudo está bem, aprecia nossa viagem!)
Me restou apenas conversar comigo mesmo...
Tentar entender por que o Jimmy veio, por que estávamos indo pra Algeria?
E depois iríamos pro Egito, por que nao Oasis no Marrocos?
Nao tinha? ou ele gostava mais dos Oasis do Egito, ou ele queria me testar no Egito?
Claro que oasis é o que nao falta no deserto da áfrica, sao milhares deles, eu apenas queria resposta mais concreta que me assegurasse alguma coisa.
Nao poderíamos continuar nesse jeito - de repente tudo muda - o que era antes vai ser diferente em minutos sem motivos lógicos, pelo menos para mim estava tudo sem lógica, sem sentido.
Eu tinha que saber porque mudou, mesmo que a viagem fosse para me agradar eu nao queria que tudo ficasse cercado de surpresas.
Por que eu nao fui preparada bem antes, por que nao?
O guarda costa parece que advinhou alguma coisa que passava pela minha cabeca, assim quando me ofereceu algo para comer, conversou comigo em alemao, e me disse que iríamos para um Hotel muito bom, para que descansassemos e depois nossa rota seria um lindo e inesquecível oasis.
Gostei dele, pelo menos alguem estava querendo me por a par das coisas por ali...
Enquanto Addi e Jimmy falavam sobre negócios (supus que era isso, pois a expressao e o tom de voz deles eram as mesmas de quando conversavam sobre negócios)
Eu fui dando corda pro gentil seguranca, que talvez estava sendo gentil somente porque eu era a futura esposa do Addi, com certeza nao teria sido tanto se eu o tivesse encontrasse numa rua qualquer, mas já que a situacao estava a meu favor decidi me fartar dessa sorte...
Ele me contou que Addi tinha conhecidos e que eles organizaram para nós uma estadia no oasis.
E que Addi tinha dito que queria me presentear indo pro Oasis surpresamente, pois sabia que eu queria muito conhecer um, e ele queria que nós vivessemos dias inesquecíveis no Oasis.
Pelo que ele estava me contando o Oasis era um paraiso realmente.
Pelo seguranca fiquei sabendo um pouco mais sobre os oasis, e inclusive que existem oasis que eu nunca poderia imaginar, oasis morrendo - sempre tive a idéia de que eram todos como víamos nos filmes.
Muitas pessoas necessitam muito dos oasis para sobreviverem - desde sementes aos troncos das Palmeiras, tudo é aproveitado.
Muitas casas da regiao local sao feitas dos troncos das palmeiras.
As ramagens e troncos também sao usadas como móveis,vassouras, cestos e outras coisas que ajudam na sobrevivencia dos povos da regiao.
Há muito que se falar sobre os oasis, pois precisamos conhecer mais dos povos que sobrevivem por causa deles, de suas necessidades. Precisamos deixar que todos tenham outra imagem dos oasis e nao somente a imagem de oasis sempre verde... do oasis dos filmes...
Há uma grande luta de alguns governos para evitar a desertificacao de alguns oasis.
Por isso temos que falar dos oasis que estao a morrer!
O oasis é a porta do paraiso para os viajantes sendentos e cansados.
Paraiso para muitos que viajam sob sol escaldante do deserto - porem, algumas dessas portas estao secando, definhando em agonia...
Mas vamos deixar esse assunto para uma outra postagem.
O seguranca me contou sua aventura quando ele e um amigo foram parar num oasis que estava secando, e eles precisavam muito de água, qual nao foi a surpresa de verem que o oasis nao era o paraiso que esperavam.
Pagaram um guia que os orientou muito bem, já que mesmo levando-os para um oasis que perdia a luta contra a desertificacao, puderam retirar agua de um buraco por onde a agua transbordava e ainda saborearam das sombras de algumas palmeiras, mesmo que muitas delas sofriam com suas folhagens secando e morrendo, a imagem era estarrecedora, ver as palmeiras lutavam para manter seu verde no meio de tanta secura.
Era certamente um oasis sem cuidados e sem ajuda...
Muitos oasis que recebem ajuda e cuidados, sobrevivem com as visitas dos turistas.
Quando ele comecou a contar sobre isso me interessei pelo tema e por momentos esqueci que estava indo ao encontro mais uma vez de momentos surpresas que seriam vividos ao lado do mais inebriante e inesquecível homem que conheci.
Continua....