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sexta-feira, 11 de novembro de 2011
Um homem árabe pra chamar de seu, um amante Berbere -Parte 55° - - Fri and Addi - Depois do deserto - Turquia
http://www.tuerkei-zeitung.de/nachrichtentuerkeiundwirtschaft/2010-wird-jahr-der-fruehbucher.html
Turquia - depois do deserto
Dentro do aviao que nos levava para Turquia eu ainda lembrava dos nossos dias no deserto.
A cada distracao minha, de repente todo meu pensamento estava voltado as experiencias que vivi naqueles dias.
Eu olhava pela janela do aviao tao concentrada, parecia que eu tinha mesmo algo a ver lá fora.
Quem olhasse podia até pensar que eu estava a fitar interessada as nuvens brancas do lado de fora.
Como se eu já nao as tivesse visto tantas e tantas vezes...e mesmo que eu agora as olhasse da janela da 1° classe, elas nao faziam diferenca, a 1°classe nao pode modifica-las...elas estavam ali para todos, pois o céu, a natureza - sao grátis para todos.
Ops...eram...num passado bem distante quando o "jogo" foi montando pelos engenheiros e arquitetos do mundo, eles estipularam que a água, o céu, o mar, as frutas, as flores, a beleza da vida seriam gratuitas para todos....
Mas um dia, um dos times, decidiu mudar o jogo e distorceu a ordem do primeiro sistema e agora vivemos sob a influencia dos mestres perversos, vivemos sob essa influencia, o sistema que eles adaptaram - a versao deles... na verdade o sistema primário se quebrou, nao tem como fixá-lo nunca mais.
O sistema viciou os seres que nele habita....
Seres viciados e cegos nao conseguem mais ver a luz da verdade...
Enxergam tudo tao lindo, mágico, divino!!!!
Ah, mas me deixa lembrar daquele dia....
Toda aquela minha atencao voltada as nuvens do lado de fora era apenas uma maneira de disfarcar o quanto eu estava pensativa - na verdade presa nas lembrancas e aos muitos sentimentos e respostas que obtive enquanto estive no deserto pela segunda vez.
No deserto tantas coisas ainda secretas, tantas respostas salvas....deserto e seus mistérios!
As lembrancas de como o Addi conseguiu me fazer pensar e refletir sobre tantas coisas que eu acreditava que eram imutáveis nesse mundo, que elas eram de alguma maneira coisas que fluiam, que seguiam as correntes que de alguma maneira tinham sido geradas por forcas, energias especiais, energias de amor, de uma ordem que sustentava a vida.
Enfim, tudo que eu pensava que provocou a formacao das pessoas, sentimentos e coisas -nao eram... E mais...o que fui ensinada, ou meus antepassados foram, ou que os primeiros seres foram, nao eram também, e nao sao bem o que nos ensinam.
A procedencia das coisas que conhecemos, que sabemos - da formacao que recebemos desde a infancia, de nossos ancestrais, de geracoes passadas e futuras...tudo parecia seguir uma linha coerente que ao mesmo tempo nao parecia fazer sentido.
E pior do que isso, nao pode mesmo fazer sentido enquanto ainda pensarmos que esse mundo é sagrado, lindo, maravilhoso, assim nao podemos enxergar o que há por trás da cortina do palco que vivenciamos as nossas experiencias...
Uma sala escura...e onde estamos...mas parece um universo...
Mas, naqueles dias do deserto pude ter a certeza que nao existe nem a coerencia e nem mesmo algo que retire qualquer coerencia, nao existe nada e tudo parece tao firme, tao existente!
Ah, se eu pudesse ser mais clara, explicar detalhadamente, mas nao posso, mas alguem um dia o fará!
Ah! tudo que eu acreditava que era o mundo, que eram as pessoas, as coisas - tantos mistérios!
Tudo para manter esse jogo ativo, para manter todos imaginando coisas sagradas e válidas de se viverem, quando na verdade tudo é apenas um jogo....
Nao estamos mais além do que dentro de uma sala escura com nossos refletores nos levando a ver, sentir e vivenciar ilusoes em nome de um jogo - nossos refletores sao nossos cérebros!
Tudo condicionamento, tudo programacao!
A aeromoca se aproximou para servir aos poucos passageiros da primeira classe.
Puxa! estávamos na 1° classe do aviao...que conforto!
Podia esticar minhas pernas, ainda que sao pequenas elas também se ressentiam na classe economica que sempre viajei quando sozinha.
Fiquei olhando a distancia das poltronas que na primeira classe elas teem - o espaco que temos nessa classe, e o conforto que todos deveriam ter!
Na classe economica sofremos o risco de embolia, devido a pouco espaco que temos entre as poltronas - quem inventou essas classes pensou bem como torturar as pessoas que nao nasceram ricas, sim eles sabem bem como torturar o povo!
Olhei as poltronas confortáveis e me lembrei das que enfrentei e pensei - "Isso nao deveria ser considerado um luxo, mas sim uma obrigacao...esse espaco grande entre as poltronas deveria existir em todas as classe, pois da classe economica ou da 1° classe, os ocupantes sao todos "humanos".
Se eles querem colocar um prato especial, uma Tv para cada passageiro na 1°classe, ok!
Mas, o conforto para as pernas nao tem sentido...as pernas de ricos sao diferentes por acaso?
As pernas de todos, tanto dos ricos e dos pobres sao igualzinhas - possuem veias, sangue que precisa circular.
Todos - ricos e pobres- possuem espinha central que precisa estar bem posicionada- acomodada, todos possuem orgaos internos que precisam receber tratamento igual de conforto, pois nossos corpos sao estruturas que sustentam orgaos e que podem se danificar se nao forem bem cuidadas, pois que todos nós somos iguais.
"Viagem internacional com mais de 11 horas de voo, em poltronas desconfortáveis sao como pregos e tijolos massageando nossos corpos..."
Eu olhava para tudo aquilo, mergulhada na minha observacao dos erros que sempre aceitamos, dos prejuizos que assumimos por sermos menos favorecidos nos sistema.
Por que isso? por que nos seres desse mundo aceitamos tudo que nos impoem - Ah! nós os "escravos obedientes"
Addi falou algo comigo e me trouxe de volta a perceber sua presenca magnífica e também as coisas que continuavam a acontecer naquele espaco de luxo.
Suavemente passou sua imensa e macia mao no meu rosto e num sorriso de quem advinha o que pensamos disse:
-Fri, I think same of you - it must be for everyone!
(Fri, eu penso o mesmo que voce - isso deve ser para todos!)
Olhei para ele com carinho, ele conseguia mesmo advinhar meus pensamentos, quanta sensibilidade existia dentro dele, ele amava mesmo as pessoas, pois percebia cada coisa que atacava a vida humana.
Outras pessoas naquele classe, com certeza estavam se regozijando no conforto, se deliciando
com o que podiam pagar, consumir o que outros nao podiam- estavam adorando se sentir especiais, sem ao menos se deterem na percepcao simples de que os outros la atrás, no fundao do aviao, bem ali atrás - sao humanos como elas.
Olhei para as pernas longas do Addi, com certeza se viajassem em uma classe economica elas sairiam moídas.
Ele percebeu que eu estava pensando e massageou as pernas e disse:
_ Yes, I couldnt support in economy classe ! e sorriu
(sim, eu nao poderia suportar na classe economica!)
Addi viajava muito a negócios, eu creio que ele tinha algum tipo de convenio com a companhia área....pois ele nao era o tipo de pessoa que fizesse algo por apenas o prazer de se exibir ou de se colocar num pedestal, numa classe de superioridade, ainda que nascera rico.
Lembram-se das rosas que decorou todo nosso quarto, as comprou de uma senhora estrangeira que também, como ele, gostava de ajudar as pessoas, entao uma parte do que ele pagou foi doado.
Ele comprou com ela, por saber que parte do que pagou, ela investia em ajuda social.
Assim, ao mesmo tempo que me faria feliz, ajudaria outros...
Como ele disse- " se fosse outra mulher ela iria desejar ir para Dubai, ficar em hotel de 5 estrelas, com banheiras de ouro...ele nao gastava tanto comigo quando tentava me fazer sonhar, e ainda podia ajudar a outras pessoas a ajudarem as que precisavam de fato.
Por isso tenho quase certeza que ele organizou de alguma maneira de viajar pagando um preco melhor do que os normalmente que vemos para viagens em 1°classe.
A primeira classe te permite fazer um "check-in" exclusivo, embarcamos primeiro que os outros passageiros, pois somos "gente" e eles sao nada...
Ganhamos muitas coisas que as classes inferiores nao ganham...
Eu preferia que nao existissem classes em avioes e em nenhum veículo, todos deveriam oferecer as mesmas coisas para todos os passageiros...mas o que eu penso nao se encaixa nesse mundo...
Mesmo pessoas que hoje em dia estao viajando em classe economica, sonham um dia ir de 1° classe e ter o gostinho de se sentirem superiores...por isso que o mundo nao muda!
A comida da primeira classe e de verdade comida para gente, enquanto os pratos servidos na classe economica é uma "lavagem chique..."
Para voce comer na classe economica voce precisa ter bracinhos como os do Horácio da revista da Monica (Maurício de Souza) ...por que ?
Oras, nao temos espaco...entao temos que mexer os talheres como Horácio mexe as maozinhas...ele e um dinossauro com bracos curtinhos, aparece mesmo só as maos...procura na net e veja - se voce viaja de classe economica com certeza vai concordar comigo.
A minha Tv estava ali, só para mim...atencao humanos inferiores da classe economica, vejam como sou especial - tenho uma Tv só para mim...nao preciso ficar com o pescoco doendo de tanto olhar para cima, ou sentir os olhos arderem, ou mesmo resfriar com o ar condicionado direcionado direto nas minhas narinas...Ulá lá...sou chique bem eim!
Isso nao é respeitar a vida - isso e prejudicar a vida!
Temos que mudar muita coisa na vida e podemos comecar por essas básicas também, nao aceitando... a gente comeca a modificar.....
Desliguei a Tv, já que nao suporto Tv, caixa imbecilizante!!
Na programacao da rádio consegui uma estacao ótima com músicas romanticas...
Olhei pro Addi....apreciei olhar para sua beleza, sua aura de amor, sua luz!
Como era lindo! mesmo que ele nao fosse lindo, sua alma doce e amorosa o tornaria lindo...ele era lindo em dobro, no físico e na alma...
Olhei para a revista que estava sobre a mesinha e vi a bandeira da Turquia.
Imediatamente Tarek me veio a mente - eu estava indo de volta a Turquia.
Eu nao teria ido se Addi nao tivesse insistido, dizendo que precisávamos de um tempo depois de tudo que passamos no deserto - ele queria um tempo para nós dois....ok, vamos!
Eu queria que fossemos para a casa que a família dele tem na Turquia, pois assim ele poderia ter um motorista particular, sem falar do conforto de estar na casa da família - mas ele disse que nao, que iríamos ficar num hotel, para nos distanciarmos das coisas do dia-a-dia, da família, do trabalho etc.
Eu nao conseguia imaginar que ele iria mesmo se desligar do trabalho, e de tudo que ele sempre tem para fazer, organizar - Addi era muito disciplinado...enfim, decidi deixar ele nos levar...
E ali estávamos nós, indo para Turquia passar uns dias para nos refazermos, recuperarmos nossas forcas...
-Fri, we wont be next Tarek, dont worry Habiby!
(Fri, nós nao iremos ficar próximo do Tarek, nao se preocupe Habibi!)
Ele nao parava de advinhar meus pensamentos, isso me incomodou, pois me envergonhava pensar no Tarek perto dele, eu nao intencionava desrespeitá-lo.
Eu queria responde-lo e fazer outra pergunta, mas ele se adiantou e disse:
-No Fri, I didnt bring you here to test you, to see how you react in being next Tarek. I brought you here because I wanted you experience other feelings in Turkei, getting special treatment, having chance to know differents and beautiful places together me- have I done wrong?)
(Nao Fri, eu nao trouxe voce aqui para te testar e ver sua reacao por estar perto de Tarek, eu trouxe voce aqui, para que voce experiencie outros sentimentos na Turquia, que obtenha tratamento especial, que tenha a chance de conhecer lugares mais bonitos e differentes juntos comigo, fiz mal?)
Eu sorri e agradeci, eu queria mesmo conhecer a Turquia com outros sentimentos ... as vezes que estive na Turquia nao tive muito dinheiro para conhecer muitas partes, fiquei na casa do meu querido amigo turco, que só tinha 21 anos, e fez o que pode para tornar a minha primeira vez na Turquia inesquecível.
Ele se tornou inesquecível para mim, pois sua atitude naquela época era de um jovem muito humano e sábio...devo muito a ele, lembro sempre com muito carinho, apesar de tudo que nos distanciou, a namorada estranha que o fez modificar...eu ainda o tenho como meu melhor amigo turco....
E agora eu voltava a Turquia, com alguem com um poder aquisitvo alto, sabia que podia experimentar muitas coisas que só o poder do dinheiro pode oferecer...mas eu e Addi, queríamos a simplicidade de vida, sabia que o que era belo, chique para muito soaria tao normal para nós se nao houvesse o propósito de amor e atencao para com a vida....
Continua....